Você se sente inquieto? Insatisfeito? Ansioso? Infeliz? Está a passar por graves problemas? Vivencia crises do tipo relacional? Financeira? Existencial? Afetiva? Ou de tudo um pouco ao mesmo tempo? Pois bem, este texto pode vir a ser útil para você que se encontra temporariamente ou permanentemente desconfortável.

Às vezes, nos permitimos ser dominados por uma onda de pessimismo e reclamações, quando nossos sonhos não estão sendo realizados. A medida que fracassamos, tendemos a desistir e nos deprimir, como se nada fosse fácil APENAS para NÓS. Como de praxe, acabamos por nos comparar com outras pessoas que temos como referência. É nesse interim, que nos perdemos entre inúmeros mimimis, ao elencarmos os culpados que nos roubam os resultados.

Porém é sabido que não existe vida fácil. Dizer que a grama do vizinho é mais verde, esconde o teor do arado. Enxerga o palco, mas desconhece o bastidor. Revela-nos um único ponto, sem analisar o todo. Desse modo, a tão sonhada vida plena, sem dificuldades, torna-se utópica, fantasiosa ou banal. Afinal, somos seres desejantes e sempre conviveremos com a falta – seja onde for. O que de certa forma, é bom, pois nos impulsiona a investir, resistir e progredir.

Os altos e baixos diários são pulsões que regulam o fluxo da nossa existência. A inercia simboliza a morte ou o comodismo. Uma vida parada, sem problemas ou faltas (desejos), não só congela nossas emoções, mas gera apatia e frustrações. Até porque, nem só de sombra e água fresca – vive o “homem”. “Precisamos” encontrar e dar sentido as nossas experiências. Para tanto, o desconforto se faz necessário para nos tirar da mesmice.

Assisti recentemente o filme “As Aventuras de Pi”, que traz excelentes reflexões para a vida. O enredo é sobre um adolescente que sobrevive a um naufrágio e por alguns dias dividi um bote salva-vidas com um tigre esfomeado. Embora o tigre represente os nossos desafios diários, em dado momento, o adolescente percebe que, sem a ameaça iminente, ele talvez não tivesse resistido tantos dias à deriva no mar. Pois, motivado a manter o felino alimentado, para não se tornar a refeição, tais circunstâncias o mantiveram alerta, ativo e criativo.

Li em algum lugar, uma frase que fez todo sentido para mim: “Ninhos desconfortáveis são ótimos para nos ensinar a voar”. Logo, não devemos temer ou reclamar do desconforto, porque na verdade, é a nossa zona conforto, que pode empobrecer a nossa história. Ao mesmo tempo, não recomendo que ninguém passe a agradecer a desgraça nossa de cada dia. Até porque, não devemos ser caçadores, adoradores e/ou colecionadores de sofrimentos. Apenas compreender que –, a vida é o que é – e independentemente do que vier, será só mais uma realidade a ser encarada e superada.

Enfim, a vida é assim, “simples”, breve e meramente passageira. Se hoje está tudo bem com você, aproveita, porque vai passar. Já se está vivenciando uma verdadeira tempestade, se tranquilize, porque também vai passar. Afinal, não a mal ou bem, que perdure para sempre. No entanto, não esteja passivo diante das dificuldades. Faça como “Pi” – ressignifique seus desafios e supere-os para que um dia se tornem histórias que você terá orgulho de contar.

Por fim, repito: A vida é o que é. Horas se ganha, horas se perde, mas devemos sempre seguir em frente.

Márcio Vaz
Palestrante, Psicólogo e Coach
www.marciovaz.net

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